Ele escolheu a eutanásia
Há outra saída para um problema aparentemente sem solução?
publicado em 01/01/2017 às 00:05.
Por Eduardo Prestes / Foto: Fotolia
Recentemente,
um episódio relacionado à eutanásia trouxe novas discussões sobre o
tema. Marcel Langedijk, de 44 anos, escreveu um artigo para uma revista
holandesa sobre a escolha de seu irmão Mark, de 41 anos, que decidiu pôr
fim à própria vida por causa do alcoolismo.
Há 15 anos, uma lei
na Holanda autoriza a opção pela eutanásia por pessoas que vivem um
sofrimento insuportável e em que não exista nenhuma perspectiva de
melhora. Entretanto, a medida extrema costuma ser utilizada
especialmente em casos de doenças degenerativas ou por quem esteja em
estágio terminal.
É a primeira vez que a lei é usada por alguém
que sofre por ser alcoólico. Por isso, a decisão que permitiu a morte de
Mark atraiu tanta contestação.
De acordo com Marcel, o irmão já
havia tentado de tudo com diferentes profissionais de saúde que poderiam
auxiliá-lo a deixar o vício. Marcel afirmou que o irmão lutava contra a
doença há oito anos e que tentou frequentar lugares de reabilitação por
21 vezes antes de ver a eutanásia como opção. Mas nada parecia
realmente ajudar o irmão a lidar com a depressão e a ansiedade, somente o
álcool.
Marcel disse que toda a sua família sempre deu apoio
total a Mark em todas as oportunidades nas quais ele foi para a
reabilitação. “Nós tentamos entender, tentamos nos colocar no lugar de
um viciado para ver o que saía errado. Mas nós também ficávamos com
raiva, porque, depois que ele voltava da reabilitação, imediatamente
voltava a beber”, contou.
Incurável?
Mark decidiu fazer o
pedido da eutanásia. Quando escolheu o seu último dia de vida, Mark
tentou aproveitá-lo ao máximo. “Estava muito calor, nós fomos lá para
fora e ele disse ‘bom, essa é a minha última manhã’. Nós dissemos que o
amávamos muito e que ficaria tudo bem. Quando o médico perguntou se ele
tinha certeza de que era isso mesmo que queria fazer, ele confirmou.
Então vieram as três injeções. Uma era de uma solução com sal para
limpar as veias de Mark. Depois, um anestésico para colocá-lo para
dormir. E, por fim, a que faria seu coração parar”, disse.
No
artigo, Marcel fez questão de falar sobre o sentimento da família em
relação a esse fato. “É muito complicado e é muito difícil. É um passo
enorme. Para mim, é muito importante garantir que todos saibam que nós
fizemos de tudo. Mas algumas pessoas são incuráveis. Se você não ajuda
essas pessoas com isso, elas vão eventualmente fazer o pior, que é
cometer suicídio. Não é como se a gente não levasse isso a sério. Não é
como se na Holanda nós saíssemos por aí matando alcoólicos.”
A decisão certa?
O
que mais abala o irmão de Mark é a opinião das pessoas. “Para os
outros, pode parecer que minha família e eu, e até meu irmão, fizemos
isso apenas porque era conveniente. Deixa eu dizer algo pra vocês: isso
não é conveniente de nenhuma forma.”
Realmente, deixar que alguém
escolha deixar de viver não é conveniente. Dramas familiares, doenças,
misérias e outros males que não se resolvem facilmente são ocorrências
que podem acontecer com qualquer um. Depois de várias tentativas, muitos
desistem de tentar. Mas será que desistir é a opção mais acertada? Não
se pode julgar a escolha de Mark e de sua família, mas é certo que ainda
assim é possível tentar outra saída, quando muitas possibilidades já
falharam ou se esgotaram. Como a vida é sagrada, Deus sempre nos dá essa
oportunidade. Basta querer e ter fé para tentar.
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